O monólogo, idealizado por Fábio, começa há 15 bilhões de anos, quando aconteceu o Big-Bang, chegando até os dias de hoje. "É um questionamento sobre a existência, sobre o processo da vida e o recomeço. Nesse diálogo, um teor político forte envolve o texto, quando questionamos a concentração do poder, a distribuição errada de renda, as angústias do ser humano nos dias de hoje. É uma referência ao filósofo Nietzsche e suas teorias e olhar poético e duro sobre o homem", conta o ator. 


"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez, e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?" (A Gaia Ciência -  Friedrich Nietzsche).



Nesta quarta e quinta (12 e 13/09), ERÊ - Eterno Rêtorno, às 21h pelo projeto Soloteropolitanos em São Paulo.

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